O enfermeiro de família também pode ter um papel central na gestão da depressão: também ele conhece bem os utentes e a sua família, nomeadamente aqueles que estão afetados por doenças crónicas e se encontram em maior risco. Pode realizar o despiste consoante a necessidade individual ou de forma sistemática – oportunística ou periódica – em doentes de alto-risco, por exemplo, grávidas no 3º trimestre, mães no 1º trimestre pós-natal, idosos isolados, diabéticos, doentes com outras doenças crónicas, e muitos outros.
Se o despiste for positivo deve sinalizar ao médico de família, para que seja agendada a avaliação de diagnóstico, e aos restantes membros da equipa.
Se o diagnóstico de depressão for confirmado, o médico pode sugerir ao doente a frequência de um curso de psicoeducação em grupo, prescrição que também pode ser trabalhada pelo enfermeiro junto do utente e da família.
O enfermeiro é o profissional indicado para constituir e implementar cursos de psicoeducação em grupo, dirigidos quer a doentes quer a familiares. Pode promover a reorganização desses grupos em grupos de autoajuda. Pode também promover a autoajuda online CBT apoiada detetando quem dela mais poderá beneficiar.
O tratamento pode ser complexo pois um mesmo doente pode estar a fazer várias modalidades em combinação, o que será indicado em boa parte dos doentes: medicação, psicoterapia (no ACES ou fora), psicoeducação em grupo, autoajuda CBT online apoiada, consulta psiquiátrica em regime de consultoria ou colaboração.
O enfermeiro pode monitorizar esta complexidade terapêutica de forma proativa, contactando o doente e/ou a família, bem como os colegas da equipa, e desta forma garantir a continuidade, a adesão e a integração dos vários componentes do tratamento, logo promovendo um curso de doença menos acidentado minorando as recidivas e recorrências.